Porque precisamos das aves para sobreviver?
Vamos começar este artigo com um desafio. Consegues imaginar um mundo sem aves?
Um mundo despido do alegre cantar que nos acorda todas as manhãs ou do bonito colorido que abraça o topo das árvores e pincela o céu das mais variadas cores? Provavelmente não consegues e ainda bem!
As aves desempenham um papel essencial no funcionamento dos ecossistemas, de uma forma que impacta diretamente a nossa vida. Queres saber como? Aqui ficam alguns exemplos…
Os jardineiros da natureza
Há aves que dispersam sementes. Enquanto se deslocam, as aves frugívoras transportam as sementes que ingerem e libertam-nas junto com as fezes. contribuindo para a regeneração das plantas nos ecossistemas.
Um exemplo muito interessante é o do casuar, uma das poucas espécies que consegue dispersar sementes de frutos de grandes dimensões. Esta ave ingere a fruta inteira, permitindo que as sementes passem intactas pelo seu trato digestivo e sejam libertadas a longas distâncias. As fezes dos casuares funcionam como fertilizante paras as centenas de sementes que contêm, ajudando-as a germinar.
Sabias que as aves também polinizam as plantas? É verdade! Apesar de os insetos serem os reis da polinização, há aves e outros animais que aqui desempenham também um papel importante. As flores polinizadas pelas aves são coloridas e sem odor, pois as aves possuem boa visão, mas um fraco olfato. Estas plantas produzem muito néctar que as aves utilizam para suprir as suas necessidades metabólicas.
Alguém pediu uma equipa de limpeza? A caminho!
Talvez seja o serviço menos “simpático” que nos fornecem, mas é um dos mais fundamentais. As aves necrófagas alimentam-se de milhões de animais mortos por todo o mundo. O facto de serem mais rápidas e eficazes na deteção de cadáveres que outros animais, como cães e roedores, torna-as ainda mais importantes, pois impedem a disseminação de doenças muito graves para a saúde pública, como a raiva e a tuberculose.
Mas não só em terra as aves são necessárias! Em pleno oceano, há aves que mantêm os recifes de coral vivos. As aves marinhas que voam pelos mares dentro, regressam com nutrientes extremamente necessários aos locais onde repousam.
Após alimentarem-se no mar, estas aves depositam guano (os seus dejetos) nas ilhas que habitam. O guano é rico em azoto e fósforo e enriquece não apenas o solo, mas é levado para o oceano, fertilizando também os recifes de coral. Estudos demonstram que em locais livres de predadores, os recifes prosperam e a vida marinha que deles depende também. Já em locais infestados de roedores, as aves marinhas estão a desaparecer e os recifes também.
Nas asas da sabedoria
As aves inspiram a ciência. Desde a tecnologia do voo à invenção dos “zippers” baseados no funcionamento das bárbulas das penas, os humanos têm-se inspirado nas aves ao longo dos séculos. Alguns avanços foram gigantes, nomeadamente os estudos de Darwin sobre os tentilhões das Galápagos que foram fundamentais no desenvolvimento do seu pensamento em relação à evolução através da seleção natural.
As aves são mensageiras que nos dão indicadores sobre a saúde do planeta. Elas respondem rapidamente às mudanças no ambiente. Por este motivo, dão-nos o alerta para perigos eminentes, como os causados pelas alterações climáticas. Tanto podem ser reveladoras da deterioração da qualidade dos habitats e da poluição ambiental, como nos podem ajudar a determinar o sucesso dos esforços direcionados à sua recuperação.
Por outras palavras…
Precisamos das aves pelo simples facto de existirem. Quem não se sente inspirado ao observar o voo picado do falcão peregrino, ao ouvir o canto do pintassilgo ou ao sentir a harmonia de um casal de cisnes? Todos fomos já transportados pelo simples facto de observar uma ave a voar. Esses são momentos em que temos o privilégio de usufruir do universo fascinante das aves.
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