“Penas” para que vos quero?
Não é o facto de possuírem um bico, de voarem ou de porem ovos que distingue as aves dos outros animais. Milhões de anos de evolução separaram as aves de todos os “bichos” que habitam a face da terra, porque estas acabaram por desenvolver uma estrutura muito especial: A Pena.
Mas para que são precisas as penas? O que têm de tão especial para a vida dos nossos amigos voadores?
Ao longo deste artigo vamos responder-te a todas estas questões e revelar-te alguns dos seus segredos.
Curioso? Vamos a isso!
Como são compostas as penas?
A típica pena é constituída por um “mastro” oco central (ráquis) que recebe fileiras paralelas de cerdas (barbas e barbelas) que se encontram encaixadas entre elas por pequenos ganchos microscópicos, formando uma armação leve, capaz de por à prova a força da gravidade, mas com uma resistência que faz frente às mais duras tempestades e protege o corpo da ave.
No entanto, nem todas as penas têm estas características. As penas não servem só para voar! Parecidas com um pelo, há penas que, por questões estéticas, sofreram modificações. Perderam as cerdas e o seu “mastro” central, assemelha-se agora, a um pelo. Tanto, que é comum ouvir os visitantes do Zoo de Lourosa reportarem-se ao penacho, da cabeça do Grou Coroado, como um “tufo de pelos”. Mas não! Lembra-te: as aves não têm pelos!
Temos penas, e então?
Mas engane-se que as penas apenas servem para voar ou embelezar uma ave! Adaptações funcionais conferiram às penas muitas outras particularidades, como por exemplo a capacidade de auxiliar no tato quando ligadas a terminações nervosas.
Para além disso, a necessidade de manutenção da temperatura corporal exigiu que algumas penas evoluíssem no sentido de reterem ar, o elemento isolante perfeito, pois é, simultaneamente…leve!
As penas são, na realidade, “pau para toda a colher” porque em cima disto, têm ainda, a versatilidade de auxiliar na camuflagem e… na criação da descendência! É verdade, logo desde o ovo, as penas conseguem, não só, reter o calor necessário à incubação, como também são responsáveis por transportar água (em algumas espécies) para que a humidade, durante o desenvolvimento embrionário, seja a adequada. Para além disto, as penas garantem ainda que, nas noites frias, as crias tenham um local suave e quente onde se abrigar.
Asas, pelos… ou escamas?
É verdade, leste bem, escamas. Quem diria que com todas estas tão delicadas especificidades, as penas evoluíram a partir de uma escama, uma outra estrutura de revestimento muito mais “rude” e simples que alguns seres vivos possuem, incluindo as próprias aves. Na verdade, podemos observar estas escamas numa ave que tu tão bem conheces: as galinhas. As patas das galinhas são revestidas com estas escamas, mesmo sendo uma ave que, como todos sabemos, tem penas.
Sabemos que deves estar a questionar-te: mas afinal, quantas penas tem uma ave? Vamos por partes. Como tudo na natureza, não existe uma regra ou um número fixo.
Existem variações muito significativas do número de penas que uma ave possui, pois variam com a espécie, tamanho, sexo, idade, estado de saúde, tipo de clima e época do ano, entre muitos outros fatores. No entanto, o recorde de menos penas foi atingido pelo Colibri que possui umas meras 940 penas a revestir-lhe o corpo, enquanto o primeiro lugar é ocupado pelo Cisne, com as suas 25.216 penas… que alguém se deu ao trabalho de contar.
E agora já conheces um bocadinho melhor os segredos das penas dos nossos amigos voadores? Pois é, mais do que as suas cores vibrantes e os seus padrões exóticos, hoje entendemos que, para além desta beleza imediata, as penas revelam uma outra que está na compreensão da sua individualidade, criada com tanta perfeição pela própria Natureza.
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