A história dos casuares do Zoo de Lourosa
Se já nos conheces, provavelmente já reparaste que o símbolo do Zoo de Lourosa é o casuar. Esta ave, tão bonita como fascinante, é conhecida como a ave mais perigosa do mundo, mas, que histórias se escondem por trás do seu ar pré-histórico? Como nasceu a sua ligação com o Zoo de Lourosa? Vamos começar pelo início…
Casuar: “O jardineiro da floresta”
Foi uma das primeiras espécies a chegar ao único parque ornitológico do país, na década de 80, e a sua rara essência transformou-se no símbolo do Zoo de Lourosa. É conhecido como a ave mais perigosa do mundo e a sua beleza é questionável, no entanto, é o seu ar pré-histórico e inúmeras outras características que fazem desta ave uma espécie fascinante.
Oriundo do Nordeste da Austrália e da Papua-Nova Guiné, o casuar habita florestas tropicais, onde lhe chamam o “jardineiro da floresta”, uma vez que se alimenta de mais de 60 variedades de frutos diferentes, cujas sementes vai dispersando conforme se vai deslocando.
É uma ave tímida e solitária, sendo a fêmea que se desloca ao território do macho para acasalar. Os seus ovos são de cor verde fluorescente e são incubados pelo macho, o qual é responsável também pelo cuidado das crias, enquanto a fêmea parte em busca de novo parceiro.
Manter estas aves em cativeiro requer cuidados específicos, como criar uma instalação para cada ave, permitindo que haja contacto visual entre elas e que seja possível juntar facilmente o casal na época de cria. Além disso, é importante que os tratadores trabalhem em segurança com os casuares, devido ao seu potencial agressivo, por isso as instalações estão desenhadas para que possam alimentá-los sem ser necessário entrar.
Família a crescer…
Depois de instalados era altura de lhes proporcionarmos condições para aumentarem a sua família. Assim, passamos alguns anos a estudar o seu comportamento e a melhorar as suas condições, com o intuito de promover a sua reprodução.
Por serem aves algo imprevisíveis, é necessário dar muita atenção às suas necessidades na época de cria. Para isso, não só é fundamental observar o momento em que o casal está pronto para acasalar, como é necessário preparar o ninho com uma boa cama de folhas. Por vezes, é necessário também retirar os ovos do local onde a fêmea faz a postura e transferi-los para o ninho preparado pelos tratadores num local mais seguro.
Todo este cuidado e atenção resultaram no nascimento dos primeiros casuares no Zoo de Lourosa, em 2003, o que nos tornou no primeiro Zoo em Portugal a reproduzir esta espécie e um dos poucos de toda a Europa!
Vários anos de muito empenho resultaram no nascimento de 18 casuares entre 2003 e 2022, muitos dos quais foram enviados para outros Zoos da Europa ao abrigo do programa da Associação Europeia de Zoos e Aquários para espécies ameaçadas. São seis os países onde vivem casuares nascidos em Lourosa: Espanha, França, Bélgica, Holanda, Polónia e Grécia. Algumas destas aves também geraram já os seus descendentes, dando continuidade a este contributo para a manutenção de uma população de cativeiro sustentável que possa dar apoio à população selvagem, caso seja necessário no futuro.
Atualmente é possível observar no parque dois machos e uma fêmea adultos e um macho juvenil que nasceu em 2022 e ainda vive com o pai. Recentemente chegaram ainda duas aves jovens para formar um novo casal e vivem na zona reservada do parque.
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