O desafio das instalações mistas
A vida nos habitats naturais é composta por inúmeros elementos, incluindo diversas espécies de animais e plantas, que vivem em constante equilíbrio criando, na sua imperfeição, um sistema naturalmente perfeito.
Deste ecossistema nasce o grande desafio quando se cria um habitat para animais em cativeiro, proporcionar-lhes condições semelhantes aquelas que encontram no seu meio natural. Tendo isto em mente, é preciso considerar todos os requisitos necessários para o bem-estar destas espécies, atendendo às suas necessidades fisiológicas.
Inseparáveis por natureza
Se é verdade que há espécies que são solitárias, outras vivem em pequenos grupos ou grandes bandos. Na natureza, todas coabitam com outros animais, muitas vezes sendo uns seus predadores e outros suas presas.
Embora esta seja uma realidade que não é possível recriar no Zoo, há espécies que são compatíveis e conseguem viver em conjunto de forma harmoniosa, pelo menos grande parte do ano.
No Zoo de Lourosa existe, por isso, a preocupação de colocar, na medida do possível, várias espécies de aves na mesma instalação, de acordo com os seus hábitos comportamentais, habitat natural e distribuição geográfica. Ao permitir-lhes partilhar o espaço, o Zoo permite reproduzir um pouco o que acontece em estado selvagem, o que, por um lado, funciona como enriquecimento ambiental para as aves, estimulando-as e despertando os seus instintos, mas, por outro lado, revela-se um desafio para a equipa de maneio.
Amigos amigos, instalações à parte
Estas instalações requerem um cuidado extra, uma vez que têm de estar preparadas não apenas para albergar uma espécie, mas várias espécies com diferentes hábitos e necessidades.
No caso das aves aquáticas, por exemplo, é necessário garantir que todas têm acesso à água e ter atenção aos comportamentos mais territoriais de alguns casais. Já nos habitats que pretendem recriar as florestas tropicais, é importante considerar vários estratos e utilizar plantas e poleiros com diferentes dimensões e colocados a várias alturas, para que todos possam explorar o ambiente e repousar de acordo com as suas características.
Outros aspetos extremamente importantes a considerar em todas as instalações mistas são a segurança, a alimentação e os locais de nidificação. Estas devem estar preparadas para que as aves se possam refugiar sempre que necessário. Além disso, as dietas oferecidas devem ser colocadas de forma acessível às aves a que se destinam e menos acessíveis às outras aves, para que todos se alimentem apenas do que é saudável e adequado para a sua espécie.
Mesmo tendo em consideração os mais variados aspetos para uma coabitação saudável, a equipa de tratadores deve estar constantemente alerta, pois fatores como o início da época de cria ou a introdução de novos indivíduos podem despoletar alguma agressividade ou outros comportamentos indesejados em algumas aves. A observação permanente por parte de profissionais experientes é fundamental para o sucesso das instalações mistas. E este é possível de testemunhar pelo comportamento calmo das aves que vivem e cuidam das suas crias felizes, proporcionando aos visitantes uma experiência educativa e única de contacto com as aves na sua natureza.
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