É impossível passar pelo Zoo de Lourosa sem conhecer o Yochi, a nossa catatua simpática e um pouco marota que adora uma boa conversa com os nossos visitantes. O seu vocabulário é muito vasto e surpreendente, mas a sua história vai muito além disso e representa o que muitas outras aves desta família viveram no passado e ainda vivem em algumas partes do mundo.

Quem é o Yochi?

O Yochi é um macho de Catatua-de-crista-amarela (Cacatua galerita), uma espécie oriunda da Austrália. Como muitas aves da sua espécie, terá nascido já na Europa e, segundo a inscrição na sua anilha, no ano de 1990.

Ora, nesta altura, era comum estas aves serem utilizadas em Circos, não para as conhecermos e observarmos o seu comportamento natural, mas para entreterem pessoas a repetir comportamentos humanos, como andar de patins ou de bicicleta. Eram treinadas para trabalhar em troca de alimento, sendo muitas vezes sujeitas à privação de alimento por várias horas consecutivas, para garantir que executavam a sua performance.

O facto de estas aves serem tão inteligentes como uma criança de 3 anos, tornam-nas fascinantes e populares, mas a sua popularidade acabou por se virar contra elas. Foi nestas circunstâncias que o Yochi viveu os primeiros anos da sua vida e, devido a este contacto constante com humanos, desenvolveu não só o seu amplo vocabulário, como aprendeu a dançar, tossir e imitar uma série de comportamentos e sons do nosso quotidiano… inclusive algumas asneiras.

O Circo onde o Yochi vivia atuava regularmente perto de Lourosa, até que um dia, vendo que o Circo estava a passar por momento financeiro difícil, o então proprietário do Zoo de Lourosa comprou as aves que lá viviam e trouxe-as para nossa casa. Aqui, nenhuma das aves foi mais obrigada a trabalhar ou foi privada de alimento, sendo o Yochi a única que vive no Zoo até aos dias de hoje.

Yochi: o melhor amigo do Homem 

Para que tivesse oportunidade de conhecer outra ave da mesma espécie, em 2006 o Yochi conheceu a Matilde, uma fêmea com quem coabitou durante aproximadamente 2 anos. Contudo, apesar de partilharem a instalação, a relação entre os dois não era próxima e às vezes era um pouco tensa, levando a que tivessem de ser separados.

Uma vez que que não se identifica com as aves da própria espécie, mas com aquela com quem cresceu, o Homem, o Yochi continua a interagir de forma entusiasta com as pessoas. Muitas vezes prefere esta proximidade com o público do que dedicar-se a atividades naturais para a uma Catatua. Pode dizer-se que é o melhor amigo do Homem.

Hoje o Yochi é o embaixador no Zoo de todas as aves que que são exploradas, obrigadas a trabalhar e nunca tiveram a oportunidade de conhecer outras aves da mesma espécie. As palavras do Yochi suscitam ternura, surpresa e gargalhadas, mas a sua história transporta uma mensagem mais importante, a do respeito pelos animais e pela sua natureza.

Foi no passado dia 9 de julho que aconteceu a primeira edição de Biodiversid’Aves.
Um evento dedicada ao Yochi, a simpática Catatua-de-crista-amarela, e a todas as aves de bico curvo.
Uma das atividades do programa do evento foi a peça de teatro e circo ‘A Vida de Yochi’.
Ela será repetida nos dias 22 e 23 de julho; 24 e 25 de agosto e 5 de outubro, às 15h00 e 17h30.